A ARTE DO MERCADO DE ARTE

Em 2014, tive a oportunidade de realizar um trabalho de reportagem em duas feiras de arte em São Paulo a SP-ARTE e a PARTE. Dias intensos de informação e esclarecimentos sobre o tema: forma de pensar, ver, fazer, vender e comprar arte. Alguns vídeos da PARTE podem ser vistos em meu blog, o material da SP-ARTE está em arquivo. O fato é que todo este movimento nos fez analisar uma nova relação do contexto do sistema das ARTES. Considerando dois sentidos da palavra – ARTE : Execução prática de uma ideia – ou ainda - Maneira, modo, jeito. (fonte – Michaelis), podemos entender a dinâmica do então “Mercado de Arte” e a sua manifestação no formato de “feiras”.
Como - execução prática de uma ideia - que otimiza relações da criação à aquisição de obras de arte, o então mercado de arte é também uma experiência de arte na qual vislumbramos em sua “Forma Feira de Arte”a – maneira - modo – jeito – dos diferentes entendimentos artísticos e seus desdobramentos. Esta ideia transforma o espaço que seria pura e simplesmente comercial em um momento único de reflexão sobre Arte. Isto se deve a despretensão das Feiras de Arte em ser um espaço acadêmico para ampliarem sua dinâmica ao espaço do pensar, conhecer, ver e sim por que não COMPRAR ARTE. A frenética frequência de pessoas diversas (artistas, críticos, experts, colecionadores, curadores, seres comuns e compradores), faz deste universo um campo positivamente vulgar onde o espaço “TEMPLO” expositivo se despoja dando lugar ao espaço “ENCONTRO” com a ARTE. Neste ambiente, podemos ser meros “mortais” de sacolas em punho e cartões armados para adquirir a obra – arte. No entanto, esta dinâmica aparentemente destrutiva (a olhos puristas), apura a vontade do conhecimento sobre a arte. Tantas as possibilidades, discursos e ARTES que precisamos reavaliar conceitos e principalmente a nós mesmos. Sim; adquirir uma obra de arte vai muito além do - gostei ou não ; combina com o meu sofá ou ainda é tão cool. Ao depararmos com o princípio básico do mercado – oferta / procura – relacionado às Artes, sentimos as brutais diferenças entre artesanato/decoração/arte e o mais importante sem desprezar; mas sim, tornando consciente para então gerar VALOR de forma justa.
Após participar desta rica experiência junto a SP/ARTE e PARTE, posso afirmar que muito mais que vender, há a preocupação e talvez necessidade de ENTENDER o processo do ecossistema ARTE. Em Abril, teremos a SP-ARTE e em sua vasta programação, haverão palestras, exposições, workshops e a própria feira. Um momento realmente importante tanto para quem vive arte como para quem aprecia ao longe. Momento e espaço este que permite ao visitante assumir sua total ignorância para simplesmente respirar o rico e multifacetado universo da arte e quem sabe após encontros, papos e experienciações.... Comprar!

Claudemir Lara
Março de 2015

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